Duas são de mesa, uma delas tem o maior teor de betacaroteno do mercado, e duas para produção de farinha altamente produtivas
Frita ou cozida, na salada, no escondinho e na farinha. Macaxeira, aipim, maniva, castelinha, uaipi ou maniveira, a mandioca tem tantos nomes pelo Brasil como benefícios para a alimentação. Esse ingrediente tão presente na dieta do brasileiro tem no Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, o melhoramento genético que torna as cultivares de mandioca com qualidades nutricionais mais enriquecidas para o consumidor, com perfil que atende às necessidades da indústria e com características agronômicas que ampliam as chances para o agricultor aumentar a produtividade e a renda da lavoura.
Em 2021, o IAC lançou duas cultivares de mandioca de mesa e uma delas tem o maior teor de betacaroteno do mercado, além de duas cultivares de mandioca de indústria altamente produtivas. Com ampla aprovação no campo, na indústria e na mesa, os novos materiais estão registrados junto ao Registro Nacional de Cultivares do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (RNC/MAPA).
Duas cultivares IAC de mandioca de indústria
IAC 90 tem alto rendimento industrial e excelente qualidade na produção de farinha e de fécula
A mandioca IAC 90 destaca-se pela alta produtividade. Tem potencial produtivo superior a 25 toneladas por hectare com um ciclo. Outra qualidade está na casca das raízes claras e com polpa branca. “A película clara e o alto teor de matéria seca, que nesta cultivar é de cerca de 36%, proporcionam alta qualidade e alto rendimento industrial na produção de farinha e de fécula”, comenta o pesquisador do IAC, José Carlos Feltran.
IAC 118-95 é uma das mais produtivas do mercado
Uma das mais produtivas do mercado, a cultivar IAC118-95 tem potencial produtivo superior a 30 toneladas por hectare com um ciclo. É bem apreciada pela indústria de farinha e fécula por apresentar película da raiz creme claro e polpa de cor branca muito intenso, além de alto teor de matéria seca nas raízes, que atinge cerca de 40% de matéria seca. Esse perfil proporciona alta qualidade e alto rendimento industrial na produção de farinha e de fécula. “Tanto a IAC 90 como a IAC 118-95 têm pouca presença de fibras e raízes longas, perfil que é apreciado pelo mercado”, comenta Feltran.
IAC lança duas cultivares de mandioca de mesa
IAC 6-01 tem quatro vezes a média de teor de betacaroteno e coloração amarelo ouro após cozida
A IAC 6-01 reúne qualidades que agradam aos produtores e aos consumidores. Tem potencial produtivo superior a 30 toneladas por hectare e é colhida 12 meses após o plantio. Para o consumidor, a IAC 6-01 oferece polpa amarela, com teor de betacaroteno equivalente a 800 UI de vitamina A — em média as cultivares no mercado têm, no máximo, 240 UI de vitamina A. O betacaroteno é uma das formas de se obter naturalmente a vitamina A.
“Além desse incremento na qualidade nutricional do alimento, a IAC 6-01 ainda tem cozimento rápido, inferior a 35 minutos. Ou seja, traz o pacote completo para conquistar apreciadores em varejões e mercados”, comenta o pesquisador do IAC.
IAC 28-00 destaca-se pela excelente qualidade das raízes cozidas
Com alta produtividade — tem potencial produtivo superior a 35 toneladas por hectare — é colhida em 12 meses a partir do plantio. A película da raiz é de cor marrom claro, com polpa creme. O cozimento é rápido, em menos de 30 minutos já está pronta para ser saboreada.
“Após 20 anos de pesquisas, chegamos a duas cultivares de mesa que reúnem qualidades para gerar renda aos produtores e agradar muito aos consumidores”, diz o pesquisador do IAC.
“Nós plantamos a IAC 90 e a IAC 118-95, que representam cerca de 80% do mandiocal. A IAC 118-95 tem produtividade muito boa e a qualidade da farinha que ela rende é bem superior, ela não tem aqueles pauzinhos, é menos fibrosa que a IAC 90, mas gostamos da IAC 90 também. Plantamos 40% do que moemos e o restante nós compramos. A maior parte das compras é de IAC 90, cultivada na região de Tupã, onde gostam muito dessa variedade.”
Breno Galvão Nastari & Valentin, proprietário da Farinheira Carimã, em Martinópolis, interior paulista, onde são moídas cerca de 3.200 toneladas de mandioca, por mês. A farinha segue para os mercados de São Paulo, Fortaleza, Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.
“Temos uma indústria de farinha de mandioca de médio porte na região de Mogi Mirim, interior paulista, onde produzimos as marcas Kaolim e Real de farinha de mandioca. A IAC 118-95 tem boa produção e excelente teor de amido e sai uma farinha de mandioca campeã, branquinha. Foi aprovada, é excelente, fantástica! Plantamos durante dois anos e em 2021 perdemos a rama com a geada. Essa perda vai levar, provavelmente, à compra de mandioca para moagem em 2022, resultado também causado pela redução de terras destinadas aos mandiocais, que foram ocupadas pela soja. Quando começaram a aparecer variedades sem fibra no mercado, vieram a IAC 90 e outras. Naquele momento, fizemos contatos com o IAC e iniciamos experimentos em parceria com o Instituto e encontramos um perfil adequado para o cultivo da IAC 90, que tem um teor de amido muito bom, o que é importante para o peso da farinha. Depois veio a IAC 14 e também a plantamos. E começaram os testes da IAC 118-95. Começamos os plantios há três anos, é uma mandioca excelente, porém com características muito diferentes da IAC 90, que é colhida em um ano, rendendo 60-65 toneladas por alqueire. Hoje estamos plantando 100% da IAC 90. Os mandiocais são plantados em Aguaí, Mogi Guaçu e Casa Branca.”
Eduardo Peris, engenheiro agrônomo, produz as marcas Kaolim e Real com mandioca própria. É a terceira geração da família, que está há 86 anos no negócio de fabricação de farinha.