Novas cultivares IAC diversificam tipos de feijão e fomentam a abertura de novos mercados interno e externo
O feijão alimenta milhões de brasileiros diariamente. Por matar a fome, para muito além de um segmento econômico, o feijão é uma causa social. Em São Paulo, o reforço para esta que é a maior fonte de proteína vegetal no prato da população continua nas pesquisas do Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com a atualização constante das cultivares de feijão, cada vez mais modernas, com características que atendem às necessidades dos agricultores e da indústria e aos desejos dos consumidores.
Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (IBRAFE), que atua há 28 anos no mercado de feijão, elogia os lançamentos feitos pelo IAC em 2021. “São feijões gourmet, que podem ser exportados, mas atendem também o mercado interno e rendem 4.800 quilos por hectare”, diz.
Ele comenta que, até os lançamentos do IAC, não havia no Brasil o Navy beans, que é consumido na Europa e nos Estados Unidos. Lüders destaca também o feijão IAC vermelho graúdo, que antes só havia na Argentina e nos Estados Unidos e o Brasil passou a ter com o lançamento do IAC. “O impacto desses feijões não veio direto no bolso do produtor em 2021, mas virá já em 2022 porque as sementes serão disponibilizadas”, avalia.
Multiplicação de sementes em campos autorizados
Dentre as áreas autorizadas para multiplicação de sementes em diferentes categorias, o feijão tipo carioca representa 30.719 hectares, em 779 campos autorizados de produção de semente, de 2009 a 2021. Somado aos tipos vermelho, bolinha e branco, totalizam 36.068 hectares, em 993 campos autorizados de sementes.
O Paraná lidera as produções, com 371 campos autorizados no período, seguido por Goiás, com 302, Minas Gerais, com 147, Santa Catarina com 94, e São Paulo, com 44. “Destaca-se o maior número de autorizações para o tipo comercial carioca devido ao alinhamento do Programa às demandas da cadeia produtiva de feijão brasileiro”, comenta a pesquisadora do IAC, Luíza Capanema.
IAC Veloz
O ciclo de 75 dias deste novo feijão preto IAC é importante característica para o setor. Esse perfil é raro no mercado nacional de feijão preto e contribui bastante para as regiões onde é feita a rotação da cultura com milho e soja, como no Mato Grosso e no Paraná, onde apresentou ciclo de 75 e 80 dias, respectivamente. Em geral, os ciclos são de 90 dias. A redução do período em que a planta permanece no campo faz muita diferença para o agricultor, sobretudo onde há irrigação.
A produtividade da IAC Veloz é alta, atingindo a média de 2.725 quilos, por hectare, na época de semeadura das águas, 2.012 quilos, na da seca e 3.035 na do inverno. “O grão é preto achocolatado, exatamente como o mercado precisa que seja; após cozimento eles se mantêm inteiros e a casca é fina”, explica Sérgio Augusto Morais Carbonell, pesquisador do IAC. Outra característica importante para o consumidor é o teor de proteína, que na IAC Veloz é de 21%.
Resistente à antracnose e tolerante à murcha de fusarium, a IAC Veloz proporciona a redução do controle químico em torno de 20%.
IAC 1850
A cultivar tem alta produtividade e grãos com excelente aceitação de mercado, tanto pelo tamanho, quanto pela tolerância ao escurecimento. Esse perfil é de grande interesse para a indústria empacotadora.
O novo carioca deve agradar também aos consumidores por apresentar excelente qualidade de grãos e de caldo, que é espesso e claro, além do teor de proteína de 21%, dentro da média dos materiais existentes no mercado. “O consumidor de feijão prefere o grão mais claro, com caldo também mais claro e que mantenha esse aspecto por maior tempo”, diz o pesquisador do IAC, Alisson Fernando Chiorato.
A IAC 1850 é resistente às principais raças da antracnose e tolerante à murcha de fusarium, viabilizando a redução do uso de produtos químicos em torno de 20%.
IAC 2051
A cultivar IAC 2051 foi desenvolvida com o objetivo de atender às exigências do consumidor, que busca por grãos claros e de rápido cozimento, com qualidade de caldo e sabor. A IAC 2051 cozinha em cerca de 30 minutos e seu teor de proteína é de 20%. Apresentou a maior produtividade de grãos, chegando a 4.250 quilos, por hectare, além de tolerância ao escurecimento dos grãos e às principais doenças.
“Comercializada em 2021, a cultivar IAC 2051 corresponde ao desenvolvimento da 51ª cultivar de feijoeiro, representando assim a 14ª geração do feijão carioca”, explica Chiorato. O feijão tipo carioca foi desenvolvido na década de 1970 e hoje engloba ao redor de 66% do mercado nacional, seguido de 15% do feijão preto.
“O IAC continua surpreendendo nas pesquisas de feijões como o carioca e o preto. A precocidade, a produtividade e a perda lenta de cor têm atingido objetivos que vão na medida em que os produtores conseguem trazer bom impacto econômico. Esses feijões permitem que o produtor possa optar em comercializar imediatamente ao colher ou, se for estrategicamente interessante, comercializar quando o mercado estiver com maior demanda, fora do pico da colheita. A precocidade do IAC Veloz e a boa arquitetura, aliada ao bom desenvolvimento radicular, têm enfrentado com bons resultados o clima hostil da região Sul do país nos últimos anos.”
Marcelo Eduardo Lüders, presidente do Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (IBRAFE).