Fruto de célere e inédito acordo de cooperação, parceria com BIOinFOOD viabiliza também projeto de biossensor para detecção de Covid-19
Com objetivo de selecionar e desenvolver microrganismos e otimizar processos fermentativos para incorporar características nutricionais, funcionais e tecnológicas a alimentos e bebidas, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA) celebrou em setembro de 2020 inédito acordo de cooperação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo com startup abrangendo instalação na instituição por dois anos e projetos de PD&I em parceria.
Fundada em 2018, a BIOinFOOD surgiu para explorar o que seus fundadores consideram o “mundo de possibilidades” dos fermentos na indústria desde a panificação até a nutrição animal, passando pela biotecnologia. A relação da startup com o ITAL começou em seu primeiro ano de existência por meio de projeto de pesquisa na área de pães e biscoitos desenvolvido com o Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolate (CEREAL CHOCOTEC).
Ciente do potencial do mercado de fermentos no Brasil, muito pouco explorado, a startup retomou o contato com o instituto em abril de 2020 em busca de parceria que envolveria também o Centro de Tecnologia de Laticínios (TECNOLAT). Foram quatro meses para construção do plano de trabalho, que em agosto passou por consultoria do Núcleo de Apoio de Propriedade Intelectual da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e definição do modelo de negócios para envio à Consultoria Jurídica da Secretaria de Agricultura de SP.
O processo via sistema SP Sem Papel foi aprovado em menos de 15 dias, prazo que chama a atenção no setor público, segundo depoimento do procurador Rafael Carvalho de Fassio durante a celebração on-line do acordo, em setembro de 2020, que teve interveniência da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio (Fundepag). “Essa parceria segue linhas de atuação da instituição e insere-se no programa estratégico da APTA de Produtos, Processos e Ações Inovadoras”, ressaltou na oportunidade a diretora de Programação de Pesquisa e vice-diretora do ITAL, Gisele Camargo.
Projetos
Com envolvimento das pesquisadoras do ITAL, Adriana Torres e Elizabeth Nabeshima, serão executados ao menos quatro projetos em cooperação com a BIOinFOOD, que é gerida por três engenheiros de alimentos, Gleidson Teixeira e Osmar Netto, doutores em Genética de Leveduras que atuaram, respectivamente, por seis anos em pesquisa na indústria e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e por sete anos em coordenação de biotecnologia na indústria, e Gabriel Galembeck, que atuou por 10 anos como diretor de P&D na AMBEV/IMBEV.
O desenvolvimento de probióticos para aplicação em bebidas à base de frutas e de leite está em fase de ativação, purificação e caracterização complementar de culturas selecionadas em projetos anteriores do TECNOLAT. Também já foram feitas no CEREAL CHOCOTEC análises reológicas do comportamento fermentativo das massas de produtos de panificação para o desenvolvimento de fermentos naturais estáveis e com ativação mais rápida: a próxima etapa será a aplicação em formulações de torradas e biscoitos visando a obtenção de sabor, textura e aroma diferenciados. Está previsto ainda o desenvolvimento de levedura para fermentação de amêndoas de cacau.
Como o ITAL possui Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB) da CTNBio para trabalho com transgênicos, a cooperação viabilizou a execução do projeto premiado CoronaYeast para o desenvolvimento de um biossensor baseado em levedura para detecção da Covid-19, parceria com a UNICAMP com investimento da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP).
“Ao longo dos 12 meses que completamos no ITAL, a relação com a instituição vem sendo muito positiva para a startup. Através dos projetos que estamos executando nesta parceria, conseguimos atrair novos clientes interessados nas tecnologias e acelerar o desenvolvimento de nossos produtos.”
Osmar Netto, fundador e responsável por P&D e Operações da BioinFood (crédito Antonio Carriero/Ital).