Institutos desenvolvem pesquisas visando a resolução de problemas paulistas

01. Erradicação da pobreza
02. Fome zero e agricultura sustentável
03. Saúde e bem-estar
04. Educação de qualidade
05. Igualdade de gênero
06. Água limpa e saneamento
07. Energia limpa e acessível
08. Trabalho de decente e crescimento econômico
09. Inovação infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Projetos envolvem institutos, universidades, cooperativas, associações e empresas privadas do Brasil e do exterior

Em uma iniciativa inédita e inovadora para articular o meio acadêmico e a sociedade, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) lançou em 2020 o edital Ciência Para o Desenvolvimento com o objetivo de apoiar pesquisas orientadas a soluções de problemas em diversas áreas, entre elas, o setor dos agronegócios. O Instituto Agronômico (IAC-APTA) e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) tiveram propostas aprovadas e o Instituto de Pesca (IP-APTA) é coexecutor de projeto liderado pela Universidade de São Paulo (USP).

Mariângela Cristofani Yaly, líder do NPOP-IAC

A chamada da FAPESP previa que os Instituto enviassem projetos com Universidades, cooperativas, associações e empresas privadas do Brasil e do exterior, articulando os trabalhos nos chamados Núcleos de Pesquisa Orientada a Problemas (NPOP), que são parte dos Centros de Ciência Para o Desenvolvimento (CCD-SP). A ideia é que esse trabalho integrado facilite a inovação e, a partir da pesquisa aplicada, a resolução de problemas urgentes da sociedade paulista.

Entre recursos públicos, privados e da FAPESP, mais de R$ 93 milhões serão investidos durante cinco anos nas unidades de pesquisa ligadas à APTA e Secretaria de Agricultura. Grande parte desses recursos (R$ 68 milhões) dizem respeito a contrapartida dos Instituto e Universidades públicas na forma de infraestrutura e recursos humanos.

Ao todo estão envolvidas 15 instituições de pesquisa do Brasil, 14 do exterior, incluindo Estados Unidos, Austrália, Alemanha, Reino Unido e Portugal, além de 103 pesquisadores científicos e 22 empresas privadas, sendo quatro estrangeiras, localizadas nos Estados Unidos, Holanda, França e Noruega.

Maria Teresa Bertoldo Pacheco, líder da Plataforma Biotecnológica de Ingredientes Saudáveis (PBIS) do ITAL (crédito Antonio Carriero/ITAL)

No projeto liderado pelo IAC, as pesquisas nas culturas de citros, café e cana-de-açúcar contarão com o reforço da biotecnologia. O intuito é resolver problemas associados a essas culturas e trazer resultados inéditos para a agricultura mundial. A maior celeridade será proporcionada pela chamada “tesoura genética”, método de edição de DNA, chamada CRISPR/Cas9 (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), considerada atualmente uma tecnologia revolucionária. “Essas três culturas foram escolhidas pela importância que têm em São Paulo e no Brasil e pelo protagonismo do IAC no desenvolvimento de tecnologias e cultivares dessas espécies perenes e semi-perenes”, conta a pesquisadora e líder do NPOP-IAC, Mariângela Cristofani Yaly.

Coordenada pela pesquisadora do ITAL, Maria Teresa Bertoldo Pacheco, a Plataforma Biotecnológica de Ingredientes Saudáveis (PBIS) aplicará processos biotecnológicos sustentáveis para produção de alimentos usando matérias-primas nacionais e aproveitando subprodutos da agroindústria. O objetivo é gerar ingredientes inovadores para serem incorporados em alimentos para redução de calorias e aporte de nutrientes saudáveis.

De acordo com a diretora do IP, Cristiane Rodrigues Pinheiro Neiva, o NPOP Pescado para a Saúde busca fomentar o consumo de pescado, um alimento de alto valor nutricional e que pode ajudar no combate de um importante problema enfrentado pelo Brasil e o Estado de São Paulo: a obesidade e suas consequentes implicações de saúde. A coordenação do projeto está a cargo do pesquisador do Instituto Oceanógrafo da USP, Daniel Lemos.

Cristiane Neiva, diretora do IP

“Esse projeto tem sido excelente para o Instituto de Pesca, pois temos trabalhado com diferentes atores do Brasil e do exterior para melhorar o consumo do pescado em São Paulo. A ideia é esclarecer para a população a importância desse alimento, falando sobre os aspectos nutricionais e a diversidade de organismos disponíveis. Também serão desenvolvidos projetos científicos relacionados ao melhoramento genético de peixes e camarão, visando a melhoria de aspectos nutricionais, e desenvolvimento de produtos viáveis para todos os tipos de consumidores. O Núcleo resultará em dados de Pesquisa e conhecimento novo sobre o consumo saudável de pescado, que representa um alimento importante para o futuro, em termos de nutrição, segurança alimentar e sustentabilidade”, afirma Cristiane.

Além do aspecto científico e de comunicação, dois focos do projeto, Cristiane destaca a importância dessa interação dos pesquisadores e setor produtivo envolvido. “Isso é muito positivo. No NPOP Pescado para a Saúde contamos, por exemplo, com a participação do doutor Albert Tacon (AquaHana LLC, EUA), que detém atuação em vários países no tema, e que será um pesquisador visitante. Ele tem contribuído muito com o projeto e com certeza isso ajudará muito no treinamento de nossas equipes”, explica a diretora do IP.

Participação transversal

Celso Vegro, diretor do IEA

O Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA) participa de forma transversal no NPOP liderado pelo IAC e pelo ITAL. O Instituto referência no levantamento e análises de dados do setor dos agronegócios busca nesse trabalho fazer uma análise multidimensional das tecnologias propostas, avaliando aspectos relacionados a precificação das tecnologias, viabilidade econômica e impacto.

“Muitas tecnologias são desenvolvidas pelas instituições de pesquisas, mas não chegam a ser adotadas pelo setor produtivo pela falta de escala. Com isso, as empresas em vez de utilizar essas tecnologias nacionais, trazem coisas de fora do país, muitas vezes a um custo elevado. O IEA busca auxiliar os NPOPs com esse tipo de avaliação, verificando o status quo do que temos e verificando a viabilidade econômica”, explica Celso Vegro, diretor do IEA.

Com esse trabalho transversal de avaliação de oito tecnologias, sendo três do IAC e cinco do ITAL, o IEA espera contribuir para melhor adoção dos trabalhos pelo setor agro e se tornar referência nesse tipo de análise no Brasil. “Não temos no país instituições que estejam fazendo esse trabalho. A partir do aprendizado e da prática desses NPOPs queremos nos tornar referência nessa área e contribuir com projetos futuros de CT&I”, afirma.

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