Transformação de efluentes da produção de suínos em adubo, energia e água de reuso é realidade em São Paulo

01. Erradicação da pobreza
02. Fome zero e agricultura sustentável
03. Saúde e bem-estar
04. Educação de qualidade
05. Igualdade de gênero
06. Água limpa e saneamento
07. Energia limpa e acessível
08. Trabalho de decente e crescimento econômico
09. Inovação infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Tecnologia do IZ permite transformar passivo ambiental em ativo financeiro, trazendo sustentabilidade real para as granjas

Imagine só transformar efluentes oriundos da produção de suínos em adubo para agricultura, água e energia para a propriedade ou para venda a concessionárias? Esses impactos positivos da suinocultura não ficam apenas na imaginação, mas ocorrem no mundo real, em propriedades rurais do Estado de São Paulo. Trabalho desenvolvido pelo Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, permitiu adaptar a tecnologia da empresa JL Tecnologia Ambiental (JLTec) para tratamento de efluentes de origem pecuária e humana simultaneamente. O resultado é mais renda no campo e menos impacto no meio ambiente.

De acordo com a pesquisadora do IZ, Simone Raymundo de Oliveira, o programa chamado de Suíno Pata Verde visa a sustentabilidade real da atividade da pecuária, tendo foco em transformar passivo ambiental em ativo financeiro dentro da propriedade. A tecnologia, desenvolvida desde 2017 na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Tanquinho, já é utilizada em propriedades rurais de Cordeirópolis, Capivari e Araras.

“Dizemos que o programa promove uma sustentabilidade real porque usa os efluentes dos suínos, que trazem impacto para o ambiente, e os transforma em novos recursos dentro da propriedade rural. Com o sistema temos a produção de dois tipos de adubos, altamente nutritivos para as plantas, e de água. Dizemos que produzimos água porque pelo menos 75% da água que é produzida no tratamento e clarificação do chorume podem ser reutilizadas na propriedade na irrigação de lavouras de milho, soja, café, forragens e até na lavagem de caminhão”, conta a pesquisadora que é líder do projeto.

Segundo Simone, a partir tecnologia é possível retirar até 95% dos nutrientes que transformam os efluentes dos suínos em poluentes e mitigar as emissões de metano no meio ambiente, transformando esse gás de efeito estufa em energia térmica e elétrica. “Com o sistema, conseguimos transformar o metano em biogás, deixamos de soltar no ambiente nitrogênio amoniacal e todos os minerais que viriam a se transformar em gases do efeito estufa. Esses minerais ficam em um circuito fechado e depois são usados para adubo ou para conversão de energia”, explica.

Inovação mundial

Os atuais sistemas produtivos, de acordo com Simone, são caracterizados por um número maior de animais, o que acaba elevando o potencial de poluição em função da quantidade e das características dos efluentes de dejetos gerados. Na produção de suínos, por exemplo, um porco de 63 quilos produz 13% do seu peso em efluentes. Esse valor multiplicado pela quantidade de carne suína produzida no Brasil – cerca de 4,7 milhões em 2021, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) – torna necessário o desenvolvimento de tecnologias que reduzam os impactos ambientais da atividade.

“O projeto Suíno Pata Verde busca justamente reduzir esse impacto, por isso, dizemos que é uma inovação mundial. Além disso, a tecnologia do sistema é nacional e os equipamentos usados são todos produzidos no Brasil, principalmente, no Estado de São Paulo, o que reduz os custos de manutenção. Como vantagem perante a tecnologias similares no mercado, temos o baixo custo de implantação, totalmente reembolsável a partir dos ativos gerados em até 24 meses”, explica Simone.

O Programa Suíno Pata Verde tem como base a estação de tratamento de efluentes suínos que foi financiada pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro) e patrocinada pelos Comitês PCJ, em parceria com a empresa JL Tecnologia Ambiental (JLTec). As pesquisas são desenvolvidas na Estação de Tratamento e Valorização dos Coprodutos dos Efluentes de Suínos e na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento do IZ em Tanquinho, distrito de Piracicaba (SP).

“Montar a Estação de Tratamento foi muito interessante para nós, pois tivemos um retorno financeiro, com a extração de produtos que passaram a ser usados para o aquecimento dos leitões, substituindo os gases (GLP) que usávamos até então, e passamos a usar o adubo do tratamento em lavouras de café e grãos. Além disso, estamos estudando mais sobre a purificação da água para podermos usar na irrigação de flores. Com isso, conseguimos alcançar a sustentabilidade da propriedade, transformando a atividade em algo benéfico ao meio ambiente, e agregando lucro a outras atividades.”

Mateus Mendes Zanetti Picolini, responsável por uma granja de ciclo completo de 180 matrizes em Cordeirópolis (SP).

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