Da grande indústria ao pequeno produtor: IP formula rações para tentar reduzir os custos da produção de peixes

01. Erradicação da pobreza
02. Fome zero e agricultura sustentável
03. Saúde e bem-estar
04. Educação de qualidade
05. Igualdade de gênero
06. Água limpa e saneamento
07. Energia limpa e acessível
08. Trabalho de decente e crescimento econômico
09. Inovação infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Cerca de 10 mil toneladas de ração comercializadas no Brasil contam com conhecimento do Instituto

Os produtores de peixes, empresas de nutrição animal e fábricas de ração de todo o Brasil contam com um importante trabalho realizado pelo Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para formulação de rações com alto desempenho, mas com o uso de produtos agropecuários de menor valor no mercado. Com o preço das commodities aquecido, a formulação de rações com ingredientes mais baratos ou que são subprodutos da indústria se mostra um importante serviço técnico especializado oferecido pelo Instituto.

Segundo o pesquisador do IP, Giovani Sampaio Gonçalves, cerca de 10 mil toneladas de ração comercializadas no Brasil mensalmente contam com conhecimento do Instituto de Pesca para sua formulação. As tecnologias do IP são adotadas por produtores e empresas de pequeno, médio e grande porte em todo o Brasil e podem gerar economia de 10% nos custos das matérias primas. Atualmente, as rações representam 70% dos custos totais de produção de peixes.

“Esse é um trabalho muito dinâmico realizado pelo Instituto de Pesca. O alto preço das commodities agrícolas alcançados nos últimos anos têm feito com que as empresas de ração precisem atualizar de forma muito técnica e por meio de conceitos de nutrição de precisão suas formulações, a fim de utilizar ingredientes mais viáveis economicamente, sem perder a qualidade e eficiência”, afirma o pesquisador do IP.

Ingredientes em alta nos últimos anos como o farelo de soja, milho, farinha de peixe e de vísceras de frango podem ser parcialmente substituídos por farelo de algodão, sorgo e DDGS (distiller’s dried grains with solubles), que é co-produto seco da produção do etanol com a fermentação do milho.

“Hoje, é difícil falar em redução dos custos. Nossa meta é desenvolver produtos eficientes, mas com custo de produção que não suba constantemente, para não repassar esses valores aos produtores e tornar a atividade inviável economicamente”, explica.

Nos últimos quatro anos, o Instituto de Pesca atendeu cerca de cinco fábricas de rações brasileiras, empresas que possuem centenas de clientes e diferentes produtos em seus portfólios. Outros sete produtos usados na alimentação animal também foram testados pelo Instituto em projetos de pesquisas para validação de seu uso no setor produtivo.

“O teste de produtos desenvolvidos pelas indústrias de nutrição animal é uma outra vertente importante de trabalho que realizamos. Testamos esses produtos em nosso laboratório, em São José do Rio Preto, e atestamos a qualidade daquilo que está sendo disponibilizado no mercado”, comenta Gonçalves. Entre os produtos testados estão os pré e probióticos, ácidos orgânicos, enzimas, fitoterápicose, vacinas, minerais orgânicos, além da determinação da exigência nutricional e digestibilidade de ingredientes e rações para peixes.

Pequenos piscicultores também se beneficiam

Engana-se quem apenas indústrias pode se beneficiar com o trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesca. Pequenos produtores de peixes também podem contar com o conhecimento do Instituto de pesquisa paulista, que formula rações que podem ser produzidas dentro de pequenos empreendimentos aquícolas.

Segundo Eduardo Abimorad, pesquisador do IP, para a formulação são levados em conta as particularidades da criação dos produtores, o manejo adotado, além dos equipamentos utilizados para a fabricação, a dinâmica para confecção do produto, a composição bromatológica e os preços das matérias primas.

“Trabalhamos com reprodução de tilápia e sempre tivemos dificuldades na nutrição de reprodutores. Nunca tivemos uma fábrica com produtos específicos para essa fase. Por isso, fizemos um trabalho com o Instituto de Pesca, em que um aluno de doutorado do IP ficou um ano em nossa propriedade analisando quatro formulações diferentes de ração, avaliando níveis de proteínas e vitaminas com foco na produção e qualidade de ovo, taxa de eclosão e sobrevivência das larvas. A partir da pesquisa, escolhemos uma ração que possibilitou incremento de 15% na produção. O trabalho foi fantástico e mesmo depois de quatro anos ainda usamos esse produto. Agora, queremos construir um projeto para formular uma nova ração e conseguirmos resultados ainda melhores.”

Emerson Esteves, da Global Peixe Aquacultura.

Ração sustentável para produção de peixes carnívoros é aposta do IP

O trabalho desenvolvido pelo Instituto também contribui para o desenvolvimento de produtos mais sustentáveis. Um exemplo, é a ração formulada pelo IP em conjunto com a BRF Ingredients que permite a substituição total da farinha de peixe (FP) para alimentação de peixes carnívoros, como truta arco-íris e salmão, utilizando insumos sustentáveis e subprodutos da indústria animal.

De acordo com a pesquisadora, Neuza Takahashi, a nova tecnologia do IP trará impacto para toda a indústria mundial de salmão, camarões e peixes marinhos. “A criação de peixes carnívoros depende de ração a base de farinha de peixe, na qual 5 kg de peixes marinhos capturados são usados para produzir 1 kg de peixe cultivado. Tal impacto sobre a natureza não é mais tolerado. Os consumidores exigem uma ração com insumos não extrativista, como essa que desenvolvemos”, afirma.

A formulação contou com os subprodutos da indústria de processamento de aves e de fontes proteicas renováveis de qualidade e rastreáveis. O produto encontra-se disponível no mercado nacional como Proteína Hidrolisada de Frango da BRF Ingredients e também está sendo comercializada no exterior.

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