Mais de 64 mil análises laboratoriais de monitoramento foram realizadas pelo Instituto
Atender as demandas do produtor rural, mas também pensar nos anseios dos consumidores é um dos focos das pesquisas do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, na área de leite. Desde 2009, o Instituto tem trabalhado para levar conhecimentos e informações aos produtores para que eles possam produzir mais, aumentar a renda e proporcionar leite de alta qualidade para a população.
De acordo com o pesquisador do IZ, Luiz Carlos Roma Júnior, ao longo de nove anos de projeto, 286 pequenos e médios produtores de leite receberam orientação técnica, o que corresponde a 134 milhões litros de leite oriundo desses produtores com melhor qualidade. O IZ realizou 64 mil análises laboratoriais para monitorar a qualidade do leite dessas propriedades, distribuídas em mais de 30 municípios do Estado de São Paulo.
“O foco dos nossos trabalhos é atender as demandas dos produtores, levando para eles aquilo que geramos de resultado em nossos projetos de pesquisa. Para que as novas tecnologias e orientações cheguem a esses produtores, contamos com o apoio de técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), cooperativas e associações”, conta Roma Júnior.
Para a realização dos projetos, o IZ teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que inclusive, aportou recursos para reforma e ampliação do Laboratório de Referência em Qualidade do Leite, em Nova Odessa, por meio do Plano de Desenvolvimento Institucional em Pesquisa (PDIP).
“O laboratório visa o desenvolvimento de pesquisas de monitoramento e transferência de tecnologia para melhoria da qualidade do leite em mais de 110 propriedades de bovinos e bubalinos em cinco macrorregiões paulistas. O espaço contempla uma área de microbiologia, que faz análise para detecção de patógenos da mastite e desenvolvimento de pesquisas direcionadas ao combate de microrganismos. O IZ também possui laboratório itinerante, um trailer equipado como laboratório para realizar pesquisas junto ao produtor de outras regiões do Estado, colaborando com a divulgação dos nossos resultados”, conta o pesquisador.
Sistemas integrados é uma das apostas do Instituto
O uso de sistemas integrados para a produção de leite também tem sido objeto de estudo do IZ e uma das apostas do Instituto. De acordo com Roma Júnior, em 2021 começou a ser instalado em Nova Odessa uma área de integração lavoura, pecuária leiteira e floresta. Em Ribeirão Preto, o Instituto também está em processo de instalação de sistema que integra a produção de lavoura, pecuária e mais o componente peixe.
“Cada vez mais os produtores rurais têm nos demandado informações sobre os sistemas integrados. O nosso objetivo com essas novas áreas é estudar o quanto esses sistemas são rentáveis e sustentáveis para os produtores de leite e quais as melhores formas de produção, por exemplo. Queremos por meio da ciência gerar respostas para esses produtores”, afirma Roma Júnior. A expectativa é que os primeiros resultados dessas novas áreas comecem a ser divulgados no final de 2022 e início de 2023.
“No início do trabalho os produtores estavam muito receosos por ter a qualidade do seu produto monitorada, principalmente com relação a Contagem Bacteriana Total (CBT), que é um índice ligado a questão da higiene. Porém, com o decorrer do tempo as barreiras foram quebradas, foi criada uma relação de confiança e os produtores esperavam nossa visita para falar sobre o relatório e saber se tinham conseguido melhorar ou manter a qualidade do leite. No geral, considero que o projeto atingiu seu objetivo e os produtores assimilaram o que foi passado nas visitas e nas palestras, porque quando eles viam o relatório e tinha algum parâmetro que não estava dentro do limite considerado ideal, já tinham ideia do que poderia ter ocorrido e como corrigir. Gostaria de destacar também a importância do trabalho integrado entre os diversos elos da cadeia produtiva: da pesquisa, da extensão, dos produtores e, principalmente, do laticínio, que é quem compra o leite e precisa exigir qualidade.”
Mauricio Perissinotto, diretor Técnico do Escritório de Desenvolvimento Rural de Piracicaba da CATI.