APTA lidera programa Oliva SP, que fomenta a produção de oliveiras com alta qualidade
Engana-se quem pensa que os bons azeites de oliva são produzidos apenas no exterior. A produção brasileira de azeite extravirgem tem avançado na qualidade e São Paulo desponta como uma região de crescimento no cultivo da oliveira e de produção de óleos de excelente qualidade, inclusive, premiados no exterior. Por traz dessa produção, pesquisadores dos Institutos e unidades regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lideram estudos para entregar aos olivicultores pacote tecnológico para o desenvolvimento da cultura, com informações confiáveis e testadas no Brasil na área de manejo, controle de pragas e doenças, previsibilidade de chuvas e temperaturas e extração para melhorar a qualidade do produto.
Os trabalhos científicos liderados pela APTA para viabilizar a produção de azeites estão reunidos no Oliva SP, programa que conta com 25 cientistas da APTA Regional, Instituto Agronômico (IAC), Instituto Biológico (IB), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiróz” (Esalq/USP).
Formado em 2011, o grupo tem disponibilizado resultados e serviços ao setor produtivo que permitem a implantação e manejo de olivais não apenas em São Paulo, mas também no Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e prestados serviços que orientam os produtores sobre o melhor momento para realização dos tratos culturais.
“Atualmente, orientamos dez produtores na implantação de olivais em Cunha, São Bento do Sapucaí, Espírito Santo do Pinhal, Gonçalves e em Goiás. Além disso, instalamos seis estações meteorológicas nas principais regiões produtoras de oliveira em São Paulo e Rio de Janeiro e passamos a disponibilizar informações de previsão do tempo semanais relacionadas as temperaturas, orientando dessa forma produtores quanto ao melhor momento para realização da poda, aplicação de pesticidas, adubos e calcário, além das atividades de colheita”, explica Edna Bertoncini, pesquisadora da APTA Regional de Piracicaba e líder do Oliva SP.
Outro serviço importante prestado, de acordo com Edna, é o de orientação na fertilização e controle de pragas e doenças nos olivais. Atualmente, 17 produtores de São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Rio de Janeiro utilizam essas informações disponibilizadas pela APTA em suas produções. “Fomos os primeiros pesquisadores a identificar no Brasil a ocorrência da Xylella fastidiosa em olivais brasileiros. Essa descoberta fez com que fosse protocolada uma legislação para produção de mudas de oliveiras livres da doença em São Paulo, legislação essa que deverá ser usada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para orientar todo o país”, afirma a pesquisadora.
A Xyllella é uma doença muito disseminada nas oliveiras produzidas na Europa. Na Itália, Espanha e Grécia, países que respondem por 95% da produção europeia de azeite de oliva, a bactéria já causou perda de milhões de árvores. Só na Itália, os prejuízos estimados com a doença são da ordem de 5 bilhões de euros nos próximos 50 anos. No Brasil, a ocorrência dessa bactéria foi identificada pelo Centro de Citricultura do IAC, em Cordeirópolis. Os pesquisadores fazem o monitoramento da doença nos olivais brasileiros e buscam formas para mitigar o seu espalhamento.
Produção de oliveira em São Paulo deve avançar em 30% em 2022
De acordo com dados da Câmara Setorial de Olivicultura do Estado de São Paulo, a produção paulista de oliveira vem crescendo ano a ano. Para 2022, é esperado em aumento em 30% da área plantada com oliveiras no Estado em comparação a 2021 e em 15% na produção do óleo de oliva extravirgem em relação a 2020.
Segundo a Câmara Setorial, que reúne produtores de todo o Estado, atualmente São Paulo conta com 75 produtores de oliveira, espalhados em 47 municípios. O azeite paulista já tem marcas consolidadas e premiadas em concursos internacionais, como Irarema e Sabiá. Na avaliação do setor, as boas perspectivas de mercado se dão pela demanda crescente dos consumidores, que têm mais informações sobre o azeite de oliva e têm buscado produtos com boa qualidade.
Projeto liderado pela APTA atende produtores de cinco Estados brasileiros
“A APTA foi e está sendo fundamental para a condução da cultura no Olival! São feitas visitas periódicas para transferência de tecnologia, além de suporte técnico ilimitado via WhatsApp, e-mail e telefone. A APTA nos transfere as melhores técnicas de cultivo, além de monitorar e informar sobre nossas condições edafoclimáticas regional, com grande sucesso na correção do solo e de previsão de temperatura, precipitação e umidade relativa.”
Jose Naief Tayer, proprietário do O Olival, em Cunha (SP), local em que são cultivados 1.300 pés de oliveira.