Índice de Preços da Borracha elaborado pelo IEA permite remuneração justa ao heveicultor

01. Erradicação da pobreza
02. Fome zero e agricultura sustentável
03. Saúde e bem-estar
04. Educação de qualidade
05. Igualdade de gênero
06. Água limpa e saneamento
07. Energia limpa e acessível
08. Trabalho de decente e crescimento econômico
09. Inovação infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Formulado junto à CNA, o indicador utiliza metodologia transparente para negociação de preços de venda de borracha em SP e no Brasil

O Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em conjunto com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), desenvolveu metodologia inovadora e transparente para elaboração dos preços do setor de heveicultura no plano paulista e nacional. O chamado Índice de Preços da Borracha vem permitindo que se estabeleça uma política de preços pagos aos produtores mais justa e remuneradora.

“Aqui no país nós temos os produtores que produzem o coágulo e as usinas beneficiadoras, que compram essa borracha desses fornecedores. Usualmente, faz-se um contrato, mas hoje em dia se vende muito pelo mercado spot”, diz a pesquisadora do IEA Marli Dias Mascarenhas de Oliveira. Segundo conta, o Brasil produz apenas cerca de 30 a 40% da borracha que consome. A maior parte, usada principalmente pelo setor pneumático, é importada da Ásia, o que tem impacto na política de preços adotada no setor. “O preço, normalmente, segue um padrão internacional. Como não existia uma referência para formação do preço da borracha no Brasil, o Índice foi criado para essa finalidade, a partir do valor da importação da borracha”, aponta Marli.

Coleta de látex (crédito Tereza Satiko Nishida)

Anteriormente, o valor a ser pago pela matéria-prima era estipulado por associações de compradores do setor. Em São Paulo, maior produtor nacional, com cerca de 60% do volume de látex produzido no país (em uma área de mais de 129 mil ha), os valores pagos não agradavam muito aos produtores, que vinham se sentindo insatisfeitos com a rentabilidade muito baixa apresentada nos últimos anos, implicando prejuízos à cadeia produtiva.

“O Índice do IEA surgiu, então, como um instrumento de negociação de preço para o produtor vender sua borracha para as beneficiadoras”, pontua Marli. De acordo com ela, ele se apoia em uma metodologia clara, transparente e justa, e que serve à toda cadeia produtiva de borracha no Brasil, não se limitando a São Paulo. “É um índice nacional que dá credibilidade, segurança e previsibilidade para o produtor, para que possa ser bem remunerado e ter cobertos seus custos de produção”, enfatiza.

Garantia de preço justo

Conforme explica a pesquisadora do IEA, o Índice de Preços estabelecido pelo Instituto e CNA permite que seja evitada concorrência desleal com os principais fornecedores internacionais, como Tailândia, Malásia e Indonésia. “Se você usar apenas os preços da cotação internacional e não incluir todas as outras despesas de importação, vai pagar, aqui no Brasil, o mesmo preço que se paga pelo produto da Ásia, que vem de produtor subsidiado, que por vezes apresenta condições de trabalho bastante inadequadas, que não preserva o meio ambiente, que desmata etc”, pondera.

No Brasil, por outro lado, os produtores têm preocupação com todos estes aspectos em sua produção, com sangradores bem remunerados e com condições de trabalho adequadas e atendimento à legislação ambiental. Em São Paulo, a heveicultura é o terceiro segmento que mais emprega mão de obra direta no agro – cerca de 30 mil postos –, ficando atrás apenas do café e da citricultura.

Outro ponto relevante do Índice apontado pela pesquisadora do IEA é a manutenção da sustentabilidade econômica do negócio no longo prazo. “A seringueira é uma cultura que você planta e só vai começar a produzir a partir do sétimo ano. Os sete primeiros anos são só de investimento”, pontua Marli, lembrando que a plena produção das árvores só é alcançada no 12º ano. “É uma cultura que tem pelo menos 40 anos de vida útil. Você precisa ter preços remuneradores que te deem não só retorno, mas também capital de giro, para manter a atividade, as famílias e para reinvestir”, acrescenta.

Por fim, a especialista enfatiza a importância do setor de borracha para o Brasil; um produto estratégico. “Você tem borracha não só no setor automotivo, como na aviação (enquanto nos pneus de automóveis se usa uma mistura entre borracha natural e sintética, nos de aviões é apenas natural), na área médica e na agricultura. Nosso modal de transporte de comercialização é majoritariamente rodoviário, consome muitos pneus. É importantíssimo e estratégico para uma série de setores da economia”, conclui.

“O Índice traz para o produtor uma importante informação para negociação no preço do seu produto, a borracha. O Brasil é um país que, hoje, importa grande parte da borracha e nada melhor do que estar alinhado a valores internacionais, até mesmo para que haja um comparativo correto, do ponto de vista da competitividade, com preços realmente de mercado – nem abaixo e nem acima. Esse preço, que é cotado na Ásia, quando chega ao Brasil sofre uma série de custos adicionais, de frete, de tributos, seguros entre outros, que têm que ser internalizados quando se converte do valor de uma bolsa internacional para o valor em reais. O produtor, tendo esse valor referência, consegue negociar melhor; é mais uma informação que ele vai utilizar em sua negociação com a agroindústria. O intuito da CNA, junto ao IEA, é, justamente, equilibrar melhor essas negociações do ponto de vista da informação. O nosso objetivo foi fazer algo estruturante, com uma metodologia sólida desenvolvida pelo IEA, que é um órgão de pesquisa isento e com uma credibilidade muito grande, para traduzir a realidade do mercado.”

Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.

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