Ganhos também são verificados no campo ambiental e social
Nem sempre é necessário o uso de defensivos agrícolas para controlar pragas e doenças no campo. Em alguns casos, um inimigo natural dessas pragas pode fazer esse controle, mitigando ou eliminando o uso de produtos químicos nas lavouras. É o caso do controle biológico, uma tecnologia dominada pelo Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O Instituto é referência no Brasil e no mundo nesses trabalhos e suas pesquisas trazem benefício econômico estimado em R$ 398,5 milhões anuais ao agronegócio brasileiro.
O IB mantém o Programa de Inovação e Transferência em Controle Biológico (Probio) com o objetivo de integrar as pesquisas e disponibilizar ao setor produtivo soluções ambientalmente sustentáveis. Com isso, busca promover a inovação e a transferência de tecnologia nessa área, por meio de ações de geração de conhecimento e prestação de serviços.
Um dos trabalhos realizados é a disponibilização de cepas de fungos entomopatogênicos para controle de pragas em cana-de-açúcar, pastagem, citros, banana, seringueira, flores e morango. De acordo com pesquisador, José Eduardo Marcondes de Almeida, as cepas selecionadas pelo IB são utilizadas em dois milhões de hectares de cana-de-açúcar no Brasil, quatro milhões de hectares de soja, três mil hectares de plantas ornamentais e morango e mil hectares de banana. “Essas cepas são usadas para o controle natural de pragas importantes dessas culturas, como o Sphenophorus levis e cigarrinha-da-raiz na cana e mosca-branca na soja”, conta.
O uso desses insumos pode resultar em economia de R$ 145 por hectare para controle da cigarrinha-da-raiz, R$ 115 no controle do Sphenophorus levis e R$ 45 para o controle da mosca-branca. “A partir desses dados de economia e de área em que os produtos são utilizados, chegamos a esse impacto anual de R$ 398,5 milhões. Isso sem contar os impactos ambientais e sociais do uso dessas tecnologias sustentáveis”, afirma o pesquisador do IB.
De acordo com Marcondes, todas as 120 empresas brasileiras que produzem bioinsumos para controle do Sphenophorus levis, cigarrinha-da-raiz e mosca-branca usam tecnologia do IB. Além disso, empresas do Paraguai e Panamá também utilizam cepas do Instituto de pesquisa paulista.
Ganhos não se restringem a economia
Os ganhos alcançados com a adoção de tecnologia de controle biológico não se restringem a economia. Os agentes de controle biológico agem em um alvo específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores.
“As cepas do IB estão hoje em praticamente todas as empresas de controle biológico que conhecemos. Mas o modo de produção dos organismos pode mudar de um lugar para o outro e isso influencia na qualidade e eficiência do produto. Nós seguimos à risca as recomendações do Instituto Biológico, por isso, entregamos ao mercado um bioinsumo de qualidade. Atualmente, disponibilizamos 40 mil quilos por ano das cepas do IB para todas as regiões brasileiras. Em 2022, passaremos a atender o mercado do Paraguai e esperamos até 2023 ampliar em 37 vezes o tamanho da nossa biofábrica em Olímpia (SP).”
William Pacheco, gerente de projetos da Bionat, biofábrica implantada sob orientação do IB em 2019 e que atualmente emprega 50 funcionários na área comercial, dois doutores especialista em pesquisa, cinco mestres em desenvolvimento de mercado e mais 20 pessoas na área de produção.