Inovadoras, pesquisas do IP trazem avanços à cadeia produtiva de trutas

01. Erradicação da pobreza
02. Fome zero e agricultura sustentável
03. Saúde e bem-estar
04. Educação de qualidade
05. Igualdade de gênero
06. Água limpa e saneamento
07. Energia limpa e acessível
08. Trabalho de decente e crescimento econômico
09. Inovação infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Formada predominantemente por pequenos produtores, atividade ganha em rendimento e qualidade graças ao apoio de novas tecnologias

Pesquisas realizadas pelo Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, buscam trazer melhor compreensão sobre os aspectos produtivos e reprodutivos de trutas em águas brasileiras. Criada em 1964, a Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Campos de Jordão do IP é o único centro de estudos relacionados à produção de trutas e salmão do Atlântico em SP e no Brasil. Os resultados vêm gerando melhorias e mais renda aos produtores e contribuem para um melhor entendimento da biologia e produção dessas espécies.

Dentre algumas das pesquisas realizadas, os pesquisadores da UPD têm se dedicado à otimização na coloração da carne das trutas – processo conhecido por salmonização -, tornando-a avermelhada e com maior valor agregado para comercialização.

Caviar de truta golden e salmonada (crédito Yara Tabata)

Conforme explica a pesquisadora do IP Neuza Takahashi, a pesquisa busca simular, com as trutas, um processo que ocorre naturalmente com os salmões: a modificação da coloração da carne e ovas em função da alimentação, rica no carotenoide astaxantina. “A coloração avermelhada só é incorporada à carne do animal cultivado quando a ração é suplementada com a astaxantina sintetizada industrialmente, cópia exata do pigmento natural”, comenta.

Além do preço elevado, a pesquisadora explica que outro empecilho encontrado no processo era a baixa eficiência dos procedimentos convencionais de salmonização. “Por isso, aproveitando uma experiência prévia com o processo no Japão, iniciamos uma linha de pesquisa visando otimizar a eficiência da inclusão do pigmento na ração de truta”, afirma. Para isso, a estratégia escolhida foi maximizar o efeito da astaxantina nas duas etapas fundamentais do processo: processamento da ração e absorção pelo peixe. “A truta salmonada inteira e de grande porte é um produto exclusivo da UPD, pois são as trutas 100% fêmeas e triploides, que os criadores não fazem”, enfatiza.

Da piscicultura à ecologia

Em um outro trabalho recente, a equipe da UPD Campos do Jordão fez uma descoberta inédita sobre o ciclo de vida das trutas e sua relação com um dos principais desafios de nossa época: as mudanças climáticas. “Esse trabalho procurou emular os efeitos do aquecimento global em trutas arco-íris, sob condições climáticas do Brasil”, detalha a pesquisadora. Os resultados mostraram que a influência da temperatura da água na etapa de maturação sexual causou efeitos nocivos aos machos da espécie, tornando-os menos férteis.

A pesquisadora do IP conta que, no entanto, os machos que conseguiram gerar proles viáveis transmitiram aos alevinos maior resistência às temperaturas elevadas. “A natureza favoreceu os machos sobreviventes, quando adultos reprodutores, a gerar filhotes com uma tolerância térmica ambiental maior, garantindo melhor sobrevivência e crescimento aos filhos quando submetidos às mesmas condições de estresse impostas aos pais”, explica.

Pela relevância, a pesquisa, fruto do projeto de doutorado do biólogo Arno Butzge, foi publicada na revista científica Scientific Reports, filiada à Nature. Os projetos contaram também com a participação de Tulio Yoshinaga e Yara Tabata, sob a coordenação de Ricardo Hattori e Cláudio Oliveira, da Unesp/Botucatu.

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