IZ é líder mundial na seleção de animais mais eficientes e que ganham mais peso consumindo menos alimentos
Durante a COP26, realizada em 2021, o Brasil assumiu o compromisso global de reduzir em 30% as emissões de metano na atmosfera até 2030. Para cumprir as metas do Compromisso Global de Metano, o País conta com um grande aliado: o Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que há anos entrega soluções ao setor da pecuária que possibilitam a redução nas emissões.
Entre as tecnologias disponíveis é possível destacar a seleção de animais com melhor desempenho, trabalho realizado pelo IZ há mais de 40 anos. O Instituto identifica animais jovens com desempenho superior nas Provas de Ganho de Peso (PGP), um teste de desempenho para os bovinos de corte que objetiva identificar indivíduos geneticamente superiores para características de interesse econômico relacionadas, principalmente, ao potencial de crescimento e a qualidade da carcaça.
“Esse tipo de seleção é fundamental para o melhoramento genético dos animais, selecionando aqueles mais produtivos e eficientes, que emitirão menos metano. Com base nesse trabalho de mais de quatro décadas, o IZ já selecionou animais com quatro arrobas a mais no peso da carcaça quando abatido com 24 meses de idade, ou seja, mais peso em menor tempo de vida. Com isso, conseguimos reduzir a emissão de metano e disponibilizar ao mercado carne de melhor qualidade para a população”, explica Renata Helena Branco Arnandes, pesquisadora do IZ e diretora do Departamento de Gestão Estratégica da APTA.
Pesquisa publicada pelo Instituto de Zootecnia na revista científica Plos One mostra que animais mais eficientes em ganho de peso emitem menos metano por quilo de carcaça. “Com base na avaliação da emissão de metano em 489 animais, vimos que os mais eficientes em ganho de peso emitiram 169,3 gramas de metano por quilo de ganho, enquanto os menos eficientes emitiram 175,3 por quilo. Isso mostra a importância da seleção de animais”, afirma.
Mais peso com menos alimentos
Outro trabalho importante realizado há 15 anos pelo IZ é a avalição do Consumo Alimentar Residual (CAR), que visa selecionar animais que ganham peso consumindo menos alimentos, ou seja, animais mais eficientes. “Com essa ferramenta, conseguimos selecionar touros que consomem até dois quilos a menos de alimento por dia. Em animais terminados em sistema de confinamento, é possível uma redução de até 180 kg de ração, por animal, durante três meses de terminação”, afirma a pesquisadora.
Essa economia também se reflete na quantidade de terras necessárias para o cultivo de forrageiras para alimentação animal, na utilização de água necessária nas lavouras e até mesmo no volume de combustível utilizado no cultivo dos alimentos e transportes de ração. “Um animal que come menos também produz menos dejetos”, diz Renata.
“Minha parceria com o Instituto de Zootecnia começou há muitos anos, quando trabalhava em uma empresa de melhoramento genético de bovinos e que utiliza a genética IZ. Via na prática os resultados dos estudos, tinha paixão pelos resultados. Após sair da empresa, passei a produzir bovinos e comecei a enviar meus animais fechados na linhagem IZ para participarem da Prova de Ganho de Peso. Na PGP de 2019, dos dez animais mais bem classificados, cinco eram de minha propriedade, sendo o primeiro e segundo colocado da minha fazenda. Esses animais são genética 100% IZ e conseguem atingir altos resultados.”
Lúcio Cornachini, pecuarista de Sertãozinho (SP) com fazenda no Mato Grosso do Sul.
Sistemas Integrados de Produção: sustentabilidade econômica e ambiental
Estima-se que o Brasil tenha cerca de 130 milhões de hectares com pastagens degradadas, que necessitam de alguma intervenção para reverter o estado que se encontram. Neste contexto, os sistemas integrados de produção constituem uma opção para recuperação dessas áreas, já que preveem o cultivo de pasto integrado com produtos agrícolas e até mesmo florestas. O Brasil conta hoje com cerca de 17,4 milhões de hectares com sistemas integrados de produção agropecuária e o IZ também se destaca nessa área.
De acordo com a pesquisadora do Instituto, Flavia Simili, desde 2014 o IZ tem desenvolvido pesquisas na área de sistemas integrados. Os estudos abrangem avaliação de solo, plantas e animais e contemplam sistemas com semeaduras consorciadas entre milho e capim-marandu, um misto de leguminosas com capim-aruana; milho safrinha em sucessão a área de soja; milho e soja com Mogno Africano. “Temos feito diversas combinações para explorar sinergismos nos compartimentos solo, plantas, animais e ambiente, demonstrando viabilidade técnica e econômica, além dos benefícios ecológicos e ambientais”, explica a pesquisadora.
Os resultados de viabilidade econômica obtidos mostram que os sistemas integrados apresentam maior valor presente líquido (VPL) em comparação aos sistemas convencionais, além de menor risco da atividade em comparação com a agricultura tradicional, maior retorno do investimento e menor necessidade de áreas agrícolas.
“Isso quer dizer que os produtores necessitam de uma área menor quando utilizam esses sistemas para obter ganhos econômicos. Em um projeto que realizamos com milho e recria de bovinos de corte em pasto de capim-marandu mostrou que os custos fixos médios do sistema integrado foram de R$ 0,21 por quilo de alimento produzido (milho e carne). Se fosse produzido apenas o milho, o custo fixo médio seria de R$ R$ 0,19 por quilo e se no espaço tivéssemos só animais, esse custo subiria para R$ 1,94, ou seja, tivemos uma diluição dos gastos e uma diversidade de produtos”, afirma Flavia.
Para levar esses resultados aos produtores, o IZ tem realizado palestras, cursos e treinamentos. Em 2021, o IZ e a APTA Regional realizam capacitação online em recuperação de áreas de pastagens degradadas e sistemas integrados de produção agropecuária a 400 técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), pesquisadores científicos da APTA e integrantes de entidades participantes do Grupo Gestor do Plano Estadual de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia da Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC).
“Sabemos que os sistemas integrados são mais complexos do que os convencionais por exigirem dos técnicos e produtores maior capacidade de gestão e conhecimento. Mas a médio e longo prazo esse modo de produção diminui o uso de defensivos agrícolas e a necessidade de fertilizantes, e alavancam a biodiversidade do solo, aumentando o estoque de carbono. Além de tudo isso, trazem ganhos econômicos para os produtores e diminuem a utilização de áreas agrícolas. Os benefícios são muito amplos e é uma prática muito sustentável que contribui para diminuir a emissão de gases do efeito estufa”, diz a pesquisadora.