Pioneira na América Latina, iniciativa busca trazer mais cidadania às populações do campo, com acesso a bens de consumo e serviços públicos
O Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vem desenvolvendo o programa Rotas Rurais, voltado ao mapeamento das áreas rurais no Estado. A iniciativa, que pretende chegar a todos os municípios paulistas ainda em 2022, dá um endereço à população rural com a criação de código individualizado de geolocalização.
“Muitas vezes, o produtor tem bastante dificuldade para ser atendido por serviços públicos de saúde e segurança pública, por exemplo, porque não tem um endereço efetivo para passar para que o serviço chegue até ele. Pior ainda quando ele compra um bem em uma loja e precisa do serviço de entrega, por exemplo”, diz o pesquisador do IEA, Vagner Azarias Martins. Segundo ele, as vias, embora existam, não são identificadas corretamente, com nome formal e números das propriedades.

O pesquisador argumenta que, para possibilitar a correta identificação das propriedades rurais, não seria possível usar os mesmos parâmetros das áreas urbanas – onde há CEP e condições viárias diferentes -, mas diz que a lógica do programa é a mesma: localizar a entrada da propriedade. “No caso da propriedade rural, é a porteira, da mesma forma que na cidade é a porta da nossa casa ou a portaria do prédio”, coloca Martins.
O projeto, explica o especialista, tem duas partes: a primeira é a geolocalização da entrada da propriedade, baseando-se em metodologia criada pelo IEA com o código individualizado desenvolvido pelo Google, chamado Plus Code. “Tendo sido identificada a propriedade, é preciso criar o roteamento, que é a segunda parte do processo, para que haja o deslocamento de um ponto qualquer até esse local”, explica Martins. A partir daí, conta, é possível fazer uso de qualquer sistema de roteamento, como Waze e Google Maps, para chegar à localidade.
“Temos a expectativa de localizar e rotear todos os municípios paulistas e todas as propriedades rurais até o final de 2022”, afirma o pesquisador do IEA. Segundo ele, essa é a primeira fase do projeto, que visa as propriedades produtivas. “Terão outras, que focarão, por exemplo, em áreas de lazer, pousadas e outros estabelecimentos turísticos. A ideia é se ter um mapa completo da área rural”, pormenoriza.
Dado o tamanho do projeto, o IEA conta com várias parcerias, como a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Prodesp e Google, integrando hoje uma equipe de mais de 20 pessoas. “A iniciativa é inédita na América Latina, mas, mesmo a nível mundial, não há um trabalho com tal abrangência em área rural, incluindo essa quantidade de pontos e extensão de estradas – mais de 60 mil km”, finaliza Martins.